Bancos Alimentares Contra a Fome angariam mais de 2.200 toneladas de alimentos, com a colaboração de 42 mil voluntários

Os Bancos Alimentares Contra a Fome recolheram este fim-de-semana mais de 2.200 toneladas de géneros alimentares na campanha realizada em 2.000 superfícies comerciais de 21 regiões (Abrantes, Algarve, Aveiro, Beja, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Cova da Beira, Évora, Leiria-Fátima, Lisboa, Oeste, Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal, S. Miguel, Viana do Castelo, Viseu, Terceira e Madeira). Prossegue ao longo da próxima semana (até 10 de Dezembro) a Campanha “Ajuda Vale” e a campanha online, em www.alimentestaideia.pt, que vêm adquirindo um peso crescente nas contribuições dos particulares.

A grande quantidade de alimentos doada é prova da generosidade dos portugueses que voltaram a demonstrar a confiança numa iniciativa que conhecem e na qual acreditam, que os mobiliza duas vezes por ano para em conjunto minorar as carências alimentares com que muitas pessoas se debatem.

“Embora não possamos ainda fazer um totalmente balanço final, a adesão à campanha do fim-de-semana foi muito positiva. Este foi um ano no qual os portugueses foram chamados a contribuir devido à tragédia dos incêndios que vitimaram pessoal e materialmente tantas famílias, mas as pessoas sabem bem que a retoma económica não ainda chegou às pessoas mais pobres e expressaram a sua solidariedade quando foram às compras, partilhando com os mais necessitados”, refere a Presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome, Isabel Jonet, que fez questão de expressar um “agradecimento aos milhares de doadores, aos voluntários e às empresas e entidades que apoiaram esta campanha, dando assim o seu grande contributo para que os Bancos Alimentares possam continuar a acudir a muitas pessoas necessitadas".

Os géneros alimentares recolhidos serão distribuídos, a partir da próxima semana, a 2.630 Instituições de Solidariedade Social, que os entregam a cerca de 420 mil pessoas com carências alimentares comprovadas, sob a forma de cabazes ou de refeições confecionadas.

 

Ajuda Vale e online

Até 10 de Dezembro, será ainda possível contribuir para a campanha através da “Ajuda Vale”, que tem como lema “uma ajuda que não pesa mas vale”. Para isso, basta pedir um vale com um código de barras específico para poder doar produtos ao Banco Alimentar nas caixas dos supermercados ou das gasolineiras da BP, que aderiram a esta ação de solidariedade transformando os seus colaboradores em voluntários pela causa da luta contra a fome. O Banco Alimentar disponibiliza ainda uma plataforma eletrónica em www.alimentestaideia.pt para doação de alimentos pela internet, que permite a participação na campanha de pessoas que habitualmente não se deslocam ao supermercado ou que residam fora de Portugal, nomeadamente os emigrantes.

 

Estudo com a Universidade Católica

Este ano, o Banco Alimentar conta com dados recentes do relatório bianual conduzido pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESOP) da Universidade Católica Portuguesa elaborado em parceria com o Banco Alimentar e a ENTRAJUDA. Nas suas conclusões é possível ler-se que 63% das famílias apoiadas por instituições de solidariedade social têm um agregado composto por duas a quatro pessoas e 67% das famílias dispõe de rendimentos mensais líquidos inferiores a 500€. No que diz respeito à formação base dos agregados familiares apoiados, lê-se que 48% têm crianças e jovens a cargo e, em 49% das famílias, a pessoa que mais contribui financeiramente para o agregado familiar, não tem mais que o 1º ciclo.

“Sabemos que este ano tem sido particularmente difícil, principalmente para todos quantos estiveram envolvidos nos fogos de verão e outono. Os portugueses têm demonstrado uma enorme generosidade e solidariedade, com numerosos contributos para todas as vítimas.” avança Isabel Jonet, Presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, acrescentando ainda que “é muito importante não nos esquecermos que, no dia a dia, ainda há pessoas que precisam de ajuda para comer, principalmente numa altura como o Natal, onde ter a família reunida à volta de uma mesa é um desejo que nos cabe a nós concretizar.” 

Alguns dados sobre a atividade

A atividade dos Bancos Alimentares Contra a Fome prolonga-se ao longo de todo o ano. Para além das campanhas de recolha em supermercados, organizadas duas vezes por ano, os Bancos Alimentares Contra a Fome recebem, diariamente, excedentes alimentares doados pela indústria agro-alimentar, pelos agricultores, pelas cadeias de distribuição e pelos operadores dos mercados abastecedores. São assim recuperados produtos alimentares que, de outro modo, teriam como destino provável a destruição. Estes excedentes são recolhidos localmente e a nível nacional no estrito respeito pelas normas de higiene e de segurança alimentar. Deste modo, para além de combaterem de forma eficaz as carências alimentares, os Bancos Alimentares Contra a Fome lutam contra uma lógica de desperdício e de consumismo, apanágio das sociedades atuais.

Recolha nacional, ajuda local

Os Bancos Alimentares Contra a Fome distribuem, ao longo de todo o ano, alimentos através de Instituições de Solidariedade Social por si selecionadas e acompanhadas em permanência por voluntários dos Bancos. Estas asseguram um acompanhamento muito próximo e individualizado de cada pessoa ou família necessitada, de forma a ser possível efetuar, em simultâneo, um real trabalho de inclusão social, que conduza a autonomias.

Em 2016, os 21 Bancos Alimentares Contra a Fome operacionais distribuíram um total de 25,6 mil toneladas de alimentos (equivalentes a um valor global estimado superior a 35,8 milhões de euros), ou seja, um movimento médio de 102 toneladas por dia útil.

A atividade dos Bancos Alimentares norteia-se pelo princípio genérico da “recolha local, ajuda local”, aproximando os dadores dos beneficiários e permitindo uma proximidade entre quem dá e quem recebe. Possibilita o encontro entre voluntários e instituições beneficiárias, por um lado, e entre fornecedores da indústria agro-alimentar, empresas de serviços, poderes públicos e o público em geral, em especial durante os fins-de-semana das campanhas de recolha, em que todos trabalham lado a lado por uma causa comum: a luta contra as carências alimentares e a fome.

Em 1991, foi aberto em Portugal o primeiro Banco Alimentar Contra a Fome e estão atualmente em atividade no território nacional 21 Bancos Alimentares, congregados na Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares, com o objetivo comum de ajudar as pessoas carenciadas, pela doação e partilha. Existem 274 Bancos Alimentares operacionais na Europa, que, em 2016, distribuíram produtos a cerca de 6,1 milhões de pessoas, através de 37.200 associações (www.eurofoodbank.org).